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sexta-feira, 30 de abril de 2010

FOLHAS EM BRANCO: PART 1

Olá! Espero que esteja tudo bem.
Sim é estranho escrever para alguém que talvez nunca leia tal páginas de memórias, sem saber ao certo como será o dia de amanhã. Todavia o céu está mais escuro que o normal quase um vermelho intenso, um marrom que não sei como pode ter acontecido, tenho a impressão de que o vermelho das terras sertanejas tenham se voltado para cima, parece que tudo envolta piora, sim o céu é meu único contato fora desta casa, já que em meu quarto possui uma pequena fresta entre as tábuas que a encobrem, para ver, eu sempre distraída notei que há uma pequena fresta na janela tampada pela madeira, isso é devido a horas e horas não fazendo e pensando absolutamente nada, o local agora permanece escuro a maior parte do tempo, já que a luz acabou há pouco tempo e nunca mais voltou até então o que ocorrerá? Pode ser que os rios tenham secado ou os aparelhos estejam sem manutenção, enfim nada é tão ruim que não possa ficar pior não é mesmo? 

Minha mãe, uma senhora lindinha de cabelos curtos e gordinha, nossa salvadora é quem organizou e nós tem mantendo vivos, ela faz o que é possível neste lugar, ainda tentamos nos adaptar com racionamento e com a nova rotina que foi nos imposta. Lembro-me bem de quando os vizinhos começaram a rir falando que ela era uma velha louca esperando o fim do mundo, pois creio que esperou tanto que ele acabou de chegar.  As vezes me pego pensando em meus colegas de trabalho, em meu pai, que a tanto anos não o vejo, será que ele esta realmente bem? Ou que esta morto como outros, talvez seja o apocalipse mas não vi quatro anjos a cavalos, nem trombetas tocando, simplesmente aconteceu, ou talvez esteja tão ligada a Terra em que vivemos que não pude ver,  e acredito que todos que estão aqui comigo pensem a mesma coisa.



Eu estou muito bem, acho que estou engordando mesmo comendo muito pouco, afinal dividir comida com mais seis por um tempo indeterminado é muito complicado quanto menos se come mais se sobrevive, ainda bem que minha mãe sempre teve e ainda tem razão, e começou a fazer imensos estoques no porão lacrado da casa, mas creio que o sedentarismo deixa a pessoa com outra forma mesmo. Tudo esta tão difícil, às vezes passamos horas um olhando para a cara do outro só escutando o relógio de mogno marrom antigo de corda, e neste momento é o que está acontecendo, minha mãe e os demais aqui tentam ler o que escrevo, mas sinceramente acho que até eu estou me perdendo, em ver olhos feito raios a seguir o lápis em busca de alguma saída para uma luz das lembranças alheias. Lembranças... tantas lembranças boas, nunca gostei do sol, “calor infernal”, eu dizia e hoje gostaria de ver pelo menos o sol sendo infernal ou não.


Então eu lhe vi, numa instante de madeira o caderno que nunca havia usado de dez matérias na verdade comprei porque achei lindo os cãezinhos da capa, e eu nunca gostei de cães, talvez por isso seja médica veterinária (ironia), comprado um pouco antes de me casar e como nunca fui naquele curso de extensão sobre anatomia, você ficou atirado em um canto, e vi em suas linhas azuis e na cor meio amarelada das folhas ásperas um jeito de sair, fugir do que podia ser minha rotina por um bom período de tempo. E em escrever me lembrei de quem nunca esqueci, meu querido marido espero que esteja tudo bem para com ele, me lembro que em nossa época de namoro ele vivia escrevendo em mil cadernos iguais a esse, e nunca se desfazia deles dizia que algum dia poderia utilizar as historias embora a cada momento que passasse ele escrevia melhor e melhor, realmente ele não iria precisar mais dos cadernos, mas mesmo assim respeitava que talvez um dia tudo aquilo poderia ser utilizado. Era seu passatempo preferido, embora ele sempre tenha me dito que eu escrevia melhor do que ele nunca dei muita atenção, afinal não era eu a viciada em cadernos, livros e leituras, muito menos o hobbie de escrever para o nada, por mero prazer de escrever apenas. Me lembro que tentava me explicar que a escrita o tirava das cobranças do mundo que o cercava..... será que eu o cobrava? 


Talvez sim afinal éramos tão iguais e tão diferentes, um o vinho e o outro a água, ninguém acreditava que permaneceríamos durante um mês, mas passamos um, seis, um ano, dois anos e já estamos casados há cinco, não houve nada de que uma mulher sonha para seu casamento, nem festa, nem igreja, mas o amava e o amo e creio que sempre o amarei aconteça o que acontecer, sei que ele não está morto algo me diz isso e agora sua presença é bem mais forte. Nossa vida juntos nunca foi fácil, me lembro que nos tempos mais difíceis de nossa convivência afirmava que a vida não era um morango, no presente momento estávamos bem, tínhamos acabado de terminar de construir nossa casa, e por incrível que pareça nos divertíamos mesmo não saindo como de costume por casais jovens devido as despesas que uma construção acarretava, mas todos os sábados brincávamos de interpretarmos personagens, alguns de historias escrita por ele e outras inventávamos na hora mesmo, sempre tínhamos uma aventura juntos, vezes muito sem sentido. Mas talvez isso nos mantive-se em pé nossa relação, afinal em todas as histórias mudávamos de personagens e dos quais todos tentava o seduzir de diferentes modos ou as vezes ele tentava se aproximar, e eu começava o rejeitar, mas no fim os personagens sempre se confundiam coma  realidade e sempre se apaixonavam perdidamente, enfim talvez isso nos tirava de certos estress que desconhecíamos já que, durante a semana mal nos víamos saia mais cedo que ele para trabalhar pegava o carro e chegava mais cedo e dormia mais cedo que ele. Mas fins de semanas era só nosso.


E agora sei o porquê das escritas, o porquê do nosso jogo, e achei que talvez um amigo de papel pudesse ter o mesmo efeito que teria nele, então me lembrei de suas historias, e vi que ele deve estar fazendo o mesmo em algum lugar bem escondido e seguro. Uma casa apenas não parece trazer grandes aventuras, mas com o tempo posso afirmar que ocorre, mas outras a rotina toma conta. Por isso passo meu tempo a escrever, novo amigo. Até um dia do qual possa reencontra-lo.

4 comentários:

  1. Eba,eba,eba. saiu a primeira história. \o/

    Parabéns minha cria, cada dia escreve cada vez melhor. Muito boa mesmo.
    Que as folhas desse caderno jamais sejam esquecidas. Nota 1.000.

    Esperamos por mais ;)

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  2. Amei Cath...
    muito boa mesmo.
    Tambem se surpreendo cada vez mais com seu dom de escrever...

    Um Abração e sucesso cada vez maior!

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  3. bem muito obrigada embora creio que minhas historias meio romancistas em demasiado... creio mesmo que cenarios inexperados e praticamente monotonos sejam talvez as melhores aventuras de uma pessoa... mas claro que apareceram muitos clichês hehehe

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  4. ahhhh
    PS imagem montada (photo modification) por eu mess

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