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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Cabelos vermelhos como o sangue e pele branca como a neve.

Ainda me lembro daquela brisa...batia a seus cabelos esvoaçando-os... que sentimento inesquecível. Pelo primeira vez naquele dia Samael sentiu-se vivo... encontrava-se ao topo de uma árvore... apreciava as folhas secas que caiam ao chão exaltando a morbidez da primavera... folhas secas... caindo...
"-...É engraçado como as pessoas vêm beleza nisso..."
-Uma folha caindo ao chão...*Estende sua mão e pega a folha ao ar*
"-Para mim nada mais é que regressar aos campos de batalha na eslovênia e ver soldados caindo... sendo estraçalhados por garous selvagens, como se sua carne seca e pútrida fosse feita de papel..."

Ali seguiu por alguns momentos,num silêncio tão mortal que um simples farfalhar de folhas era como um estouro de corcéis selvagens... Apenas algumas aves, migratórias e rotineiras cortavam o céu em alguns gritos e grasnidos...
De alguma forma Samael também enxergava alguma semelhança com estes animais... tão belos... tão fracos... passando a grande parte da vida fugindo... fugindo de predadores e das estações...
"-se fosse uma ave... se fosse uma ave pelo menos fugiria ao lado de meus semelhantes... talvez até tivesse uma família a cuidar... mas... mas principalmente eu teria...um motivo para estar vivo..." *Observava as aves, agachado sobre o galho*
Se seu corpo carniçal e pútrido possui-se alguma lágrima em seu interior poderia jurar pela alma de meu patriarca Caim que a teria derramado naquele instante...
Porém ao voltar a si e pegar-se naquela reflexão de fraqueza, era como se tivesse sido transformado de novo... tudo o que por um instante parecia humano e reflexivo naquele corpo sem alma sumiu por alguma porta do inferno interior...
Mas algo não combinava naquele ciclo todo...
Samael viu seu corpo se arrepiar e sua boca salivar... seu lado mais selvagem forçava para sair de sua alma... mas algo não estava certo... algo...
"-Sim.". Ao decifrar aquele cheiro... aquele perfume entre as folhas e as árvores e as aves migratórias... seu lado animal aflorou...
Levantou-se sobre o alto galho da árvore, levantou sua cabeça mais ainda e forçou seu faro mais além...
era uma moça... tão cheia de vida... tão cheirosa...
Samael entrava em um estado alucinatório conforme começa a ouvir as veias da moça batendo em seu puro correr de vida... Cada pulsar do coração da moça que era ouvido e farejado era como se um chicote chibatasse seu animal interno...
Como estava muito alto na árvore, não importou-se em se esconder mais do que já estava enquanto esperava a moça, que caminhava, um pouco mais a sua frente, dirigindo-se para uma árvore caída...
Ela era linda... seus cabelos, vermelhos como o sangue, sua pele branca como a neve... Seu vestido de flores, justo a cada curva bem desenhada de seu corpo exaltava sua beleza por mulher... cada curva que observava mais atento lembrava-o de uma passagem diferente da Inglaterra, durante seu começo de êxodo em que caçava coelhos e ratos para sobreviver nos infernos glaciais daqueles descampados... Reparou, naquele instante, que ela cambaleava um pouco e lágrimas eram derramadas de seus olhos... Observou aqueles fatos com seus olhos mais astutos que os de uma águia... Ficou fascinado e curioso por aquela mulher... com cabelos vermelhos como o fogo e a pele branca como a neve...
Quando finalmente a moça jogou-se sobre a árvore caída e escorregou... chorando... até cair ao chão e desesperar-se em prantos...
Samael aproximou-se como fosse uma das folhas que caiam daquelas árvores... pisava no chão sem sequer amassar a grama... subiu sobre a árvore caída, de forma que a moça não o visse... Aquele cheiro... ah, sim... aquele cheiro era um veneno para o lado animal de Samael... Naquele instante já buscava força nem sabia mais aonde para controlar sua vontade de beber o sangue daquelas veias pulsantes e cheias de vida...
Mas algo... Algo o mantia sensato e curioso... sobre a história daquela moça...
Ainda de costas para samael a moça levantou a cabeça... vislumbrou por um instante o horizonte e voltou-se... ela havia notado Samael... Ele sabia... Sabia mas algo não o deixava mover-se... Era como se os próprios pregos que um dia juntaram cristo a cruz o estivessem assegurando os pés aquele tronco de árvore...
Foi inevitável. A moça o olhou, com os olhos lacrimejados... Aqueles olhos... sim, aqueles olhos... Que transcendiam a beleza de uma noite de lua-cheia sobre os altos edifícios franceses e emanavam uma pureza e uma sinceridade que Samael tornou-se quase catatônico... Ficou sem reação... Aqueles olhos agora eram estacas em seu peito.. Esta foi a segunda vez naquele dia em que Samael sentiu-se vivo... Sentiu até mesmo por um instante um breve flash de memória, em que sentia seu peito doer... mas doer de dó...
E assim se olharam... por alguns minutos sem moverem-se e sem ser dito nada, mas era como se suas vidas já fossem traçadas e transcendidas...
A Moça levantou-se e abraçou Samael, que não se moveu... sentiu aquele aperto quente, puro e cheio de vida como uma armadilha que não podia libertar-se... ele estava tendo em um minuto sensações que mais de 11 décadas de fuga não o haviam transmitido...
Ela apenas sussurrou ao seu ouvido...
-Eu... Eu me chamo... Aika...Aika...
E assim ficou... apenas sentindo o cheiro e o pulsar das veias daquela moça...
...De cabelos vermelhos como o sangue e pele branca como a neve...


"...PASSAGENS DO DIÁRIO DO VAMPIRO ANARQUISTA, LIVRO II - UM FIO DE SENTIMENTO: PASSAGEM ÚNICA - SOBRE O PRIMEIRO ENCONTRO COM MADMOUSELLE, EM SEUS CABELOS VERMELHOS COMO O SANGUE E PELE BRANCA COMO A NEVE..."

3 comentários:

  1. Nussss....
    Muito bom vamp...
    Deu até saudades da Aika... :(
    suihasuihashai
    Abraço cara. Siga assim

    Bob Big Bug!!!

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  2. nossa, escreve muito bem.
    está de parabéns, espero por mais, \o/

    Realmente, siga sempre assim.

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  3. \o Valeu galera.

    To correndo contra o tempo pra postar mais. Quero ver se até amanha tem outra passagem postada!

    Abração!

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